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André Pomba assume direção da Feira da Parada Gay de São Paulo; leia entrevista

André Pomba é conhecido na cidade de São Paulo por ser o criador da festa gay alternativa mais conhecida da pauliceia: o Grind, que anima todos os domingo do clube A Lôca. Agora o DJ assume uma grande missão: coordenar as atrações artísticas da Feira cultural da maior parada gay do mundo.

Na edição do ano passado muita gente não gostou das atrações musicais do evento, como Madame Mim e Tetine. Os detratores disseram que os artistas eram "alternativos demais" e que era preciso um "meio termo". É com a missão de agradar gregos e troianos que Pomba assume a Feirinha.

"Buscamos (para esse ano) um enfoque mais popular", avisa André no. Mas ele também diz que haverá "pelo menos um grupo representando a cena alternativa". Como solução para este drama, André pensa em utilizar o esquema de tenda onde irão tocar "DJs de várias casas noturnas e novas atrações". André acredita que com este formato a interação e diversão do público ficará "mais legal".

O assunto transcende Parada Gay e chega até a política, visto que, além de trabalhar com o fomento cultural, André Pomba ajudou a construir o plano de governo de Geraldo Alckmin, quando este concorreu a prefeitura de São Paulo em 2008. Aqui ele faz uma crítica rasgada ao governo Lula em relação às políticas públicas LGBT. Para o DJ, o governo federal é "bom no discurso, mas ruim na prática".

O que você pretende mudar na feirinha?
A minha principal proposta é trocar o segundo palco por uma tenda, aproveitando a experiência positiva nos últimos três anos da tenda LGBT no aniversário de São Paulo. Na tenda colocaremos DJs de várias casas noturnas e novas atrações, tendo assim um clima mais legal pro público dançar e interagir.

E o que pretende manter?
Na realidade o formato da Feira já é bem definido, o que queremos é aproximar mais as atrações das preferências do público LGBT.

No ano passado Tetine e Madame Mim foram os grandes destaques do festival e não agradaram muito. Haverá espaço para grupos alternativos?
Apesar de buscarmos um enfoque mais popular, com certeza teremos pelo menos um grupo representando a cena alternativa. Principalmente se rolar a tenda, haverá espaço para performances e novos artistas nos intervalos dos sets dos DJs.

Daniel Peixoto continua apresentando os shows?
Não. Para a apresentação estamos sondando algumas drags.

Já tem em mente artistas para convidar?
Sim, estamos pré-fechados com quatro atrações, mas não podemos divulgar até porque temos que efetivamente confirmar a verba, verificar disponibilidades, trabalhar com a assessoria de comunicação da Parada…

Haverá espaço para o rock ou a programação buscará seguir o que o público quer?
Este ano eu disse que pretendia buscar shows que agradassem prioritariamente todas as letrinhas do universo LGBT, mas não excluo que possamos ter alguma atração mais voltada ao pop rock.

Shows de drags e Silvetty Montilla continuam na programação?
Sem dúvida, vai rolar. A Silvetty Montilla inclusive disse que antecipou a volta de uma viagem pela Europa só pra estar aqui pra Feira e pra Parada.

A sua presença na direção da feirinha se estende à Parada?
Não, ao lado do produtor Hanilton Scofield, só cuidamos da programação cultural da feira.

Por que o Dynamite Pub fechou?
Fechou por clara intolerância da sub-prefeitura de Pinheiros. Éramos o único bar LGBT da área da rua Cardeal Arcoverde, bem como o único que tinha tudo legalizado, isolamento acústico e não colocava mesas na calçada. Mesmo assim, alegaram que existiam muitas reclamações de barulho por conta dos vizinhos. O que comprova que isso não era verdade, é que mesmo fechados por quase dois anos, continuamos recebendo autuações e avisos do Psiu…

Qual será o novo conceito do Dynamite Pub?
Na realidade estaremos dividindo o mesmo espaço com a ONG Dynamite então o foco vai ser baladas alternativas a noite e de dia, enfatizaremos o ensino musical gratuito e espaço para novas bandas e artistas tocarem (confira o projeto aqui.)

Já tem projetos em mente?
O próximo evento será minha festa open bar de aniversário no dia 10 de abril. Também em maio rolará o projeto Boys & Grls especial de aniversário do promoter Hanilton Scofield. Para maiores infos basta acessar o site aqui.

Você pretende alugar o espaço para festas particulares. Por quê?
Enquanto não estivermos com uma programação definida, estaremos abertos para festas particulares e parcerias com outros promoters, o que, aliás, já fazíamos no espaço de Pinheiros.

Novos clubes da cidade, como o Lions tem causado polêmica por serem considerados elitistas por selecionar as pessoas que podem ou não entrar nas casas. O que você acha disso?
Sinceramente não vejo nada de mal, pois é algo que ocorre no mundo todo. Eu, pessoalmente não frequento clubes elitistas e se por acaso tivesse minha entrada recusada, iria para algum outro lugar que minha presença fosse bem vinda e meu dinheiro mais bem gasto.

Facundo Guerra criticou na Mônica Bergamo o fato de A Lôca cobrar R$ 7 pela lata de cerveja enquanto o Lions cobra R$ 8 pela long neck. O que você tem a dizer sobre isso?
A grande maioria das casas noturnas ganha com a bebida, e os preços são muito semelhantes, já que só a entrada não cobre os custos. A Lôca tem muitas promoções, listas VIP e de desconto e a entrada sai em média por R$ 15,00. Se pudesse cobrar R$ 80,00 como o Lions, provavelmente a bebida seria de graça e liberada.

Apesar de ser afiliado ao PSDB, gostaria que você fizesse uma rápida avaliação do governo Lula em relação às políticas LGBT.
Creio que a tônica do governo Lula no geral é de muito discurso, muita retórica e propaganda e poucas ações efetivas e isso se estende às políticas LGBT. Passados oito anos, nada de uma legislação que punisse a homofobia ou que pudessemos destacar como benefício efetivo. Faço porém uma ressalva a ótima atuação do Ministério da Cultura, que através da Secretaria da Diversidade  Cultural, vem apoiando e premiando várias iniciativas da cena LGBT por todo o Brasil.

E o governo Serra? Como tratou essas questões para você?
Sem dúvida, não há como negar que o governador Serra foi o que mais apoiou a comunidade LGBT, desde os tempos de prefeito quando criou a CADS – Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual. Podemos citar várias ações como o ambulatório médico para transexuais e travestis, a CADS estadual e a aprovação do uso nome social em documentos oficiais.

Dilma crescendo nas pesquisas eleitorais representa ameaça para o Serra?
Sinceramente eu não entendi o porquê dessa pergunta pra mim. Mas se quer minha opinião, eu acho que pesquisas eleitorais muito antecipadas não significam nada. Na eleição passada o Kassab tinha 2%, o Alckmin e a Marta mais de 30% e deu no que deu. E se for levar ao pé da letra, apesar de toda campanha antecipada feita pelo Lula e paga com dinheiro público, na última pesquisa DataFolha o Serra subiu e a Dilma caiu…

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