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Destaques GLS: Beijo gay na praia? Cuidado com os trogloditas

Praia ainda é um campo minado para casais gays. A intolerância com a troca de afeto ainda é violenta. Até passar o bronzeador nas costas do parceiro chega a despertar olhares de censura. Um beijo ou ficar abraçadinho curtindo a paisagem, como fazem sem neura os héteros, também gera estresse, principalmente se há crianças por perto. Para os homofóbicos, isso é uma imoralidade, uma sem-vergonhice, um crime, um atentado violento ao pudor. Homossexuais traumatizados por décadas de perseguição também chegam a condenar a manifestação de afeto entre pessoas do mesmo sexo em espaços públicos. Até Ney Matogrosso, um artista transgressor na sua época, já disse achar um horror ver dois rapazes (assim como um homem e uma mulher) se beijando na rua. Moralismo ou bom senso? O fato é que existem leis proibindo a discriminação.

Em São Paulo, a lei nº 10.948, de 2001, é clara ao prever punições (como multas, suspensão e até cassação de licenças de estabelecimentos) para quem "proibir a livre expressão e manifestação de afetividade, sendo estas expressões e manifestações permitidas aos demais cidadãos". É o instrumento legal à disposição dos gays para se combater a homofobia no Estado. É evidente que o ideal é ter uma lei válida para todo o território nacional e, claro, permitir que o Estado garanta condições para o seu cumprimento pleno. Mas nem sempre a existência da lei, como ocorre em São Paulo, é suficiente para que se respire aliviado.

Em dezembro, o casal Ítalo Leandro, 20, e Silas Martí, 24, repórter da Folha, sentiu na pele esse problema na praia da Baleia (litoral norte de São Paulo), famosa por ter no verão suas areias ocupadas por endinheirados e alpinistas sociais. Gente que chega de helicóptero, deita em chaises longues fixadas na areia, enquanto é servida por garçons e reclama de quem ousa invadir seu espaço exclusivo (na verdade, a praia é uma área pública).

Como qualquer casal de namorados, Ítalo e Silas trocaram carinhos, se abraçaram e andaram de mãos dadas, gestos que despertaram reclamações de banhistas e um pedido para o casal deixar a praia. Eles se recusaram e foram agredidos por um turista. Ítalo levou ainda socos e chutes dados pelo coordenador da Sabaleia (Sociedade de Amigos da Praia da Baleia). Mesmo com a intimidação, os dois registraram o caso na polícia.

Destaques GLS – Após o registro do boletim na polícia, houve algum desdobramento?
Ítalo Leandro – Não, apenas um B.O comum foi feito, e mesmo após o agressor (José Eduardo Nunes) ter confessado na delegacia sobre ter me agredido, nada foi feito.

Destaques GLS –  Que avaliações você tem feito sobre o que ocorreu?
Ítalo Leandro – Ficou bem claro que vivemos num país de trogloditas, e que quando se trata de homossexuais sofrendo algum tipo de lesão, nem as autoridades dão a devida assistência, que foi o que aconteceu conosco, que fomos destratados pela polícia local, e o tempo todo me senti menosprezado por todos na delegacia (delegado, policiais, escrivão…).

Destaques GLS – A divulgação de casos assim na mídia ajuda em alguma coisa?
Ítalo Leandro – Sim, ajuda tanto no processo jurídico como também esclarecer para todos que nesse país, inclusive em locais da classe alta, que é o caso da praia da Baleia, existem muitas pessoas ignorantes e hipócritas, que acham ofensivo duas pessoas do mesmo sexo se beijarem ou demonstrarem qualquer forma de carinho em público.

Destaques GLS – Houve algum contato posterior com os agressores?
Ítalo Leandro –  Não, após a agressão fomos todos à delegacia, e apenas o advogado do agressor conversou com a gente e pediu desculpas em nome da sociedade da praia da Baleia.

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Caras e Coroas
Mais um bar tradicional fechou na rua Vieira de Carvalho, epicentro da convivência GLS na região da praça da República, no centro de São Paulo. O Boa Noite Rainha costumava reunir principalmente gordinhos, maduros e seus fãs, com gente ocupando toda a calçada no happy hour, na esquina da rua Aurora. Por lá, comerciantes reclamam do rigor da fiscalização municipal, coisa que não se vê em redutos héteros como a rua Canuto do Val, em Santa Cecília.

Mas nem tudo está perdido. O Boa Noite Rainha deverá reabrir em breve, mas só depois de readequações do seu espaço com uma merecida reforma. Aquele trecho da Vieirona já perdeu bares como o lendário Lord Byron. Quem está firme e forte é o vizinho do Boa Noite Rainha, o Caneca de Prata, considerado o bar gay mais antigo da cidade, que vai completar 44 anos de função.

 

Se meu tanquinho falasse
O bonitão Pedro Andrade, que faz sucesso na TV norte-americana e já foi apontado como namorado do ex-N’Sync Lance Bass, é o colírio que  faltava no "Manhattan Connection", exibido pelo canal pago GNT aos domingos (23h). O rapaz ataca de repórter na atração, mas são seus olhos azuis e rosto quadrado que hipnotizam e dão um resfresco ao telespectador já cansado com o falatório monótono e sem fim do economista Ricardo Amorim e os apresentadores cacuras (Lucas Mendes, Caio Blinder, Diogo Mainardi, cuja cabeleira medonha e descuidada assusta tanto quanto a de Arnaldo Jabor na Globo).

O conteúdo da participação de Pedro Andrade é meio fraquinho. No último domingo, ele deu uma de Ana Maria Braga e só faltou ficar debaixo da mesa para provar a pizza favorita de Obama, no Brooklin. Mesmo com sua experiência em TV, o galã também se mostrou um pouco inseguro, sacudindo muito a cabeça ao ditar o texto. Mas beleza ele tem de sobra e não dá mais para cair na cama no final do domingão sem morrer de inveja de Lance Bass, que fisgou o carioca radicado em NY por uma temporada.

Caixa-Preta
Quem frequenta a região do Largo do Arouche já percebeu que a boate Planet G passou a se chamar Container. À primeira vista, a dedução óbvia é que a boate mudou de dono ou alterou sua proposta. Nada disso. Dois funcionários contam que a direção do clube avaliou que a marca Planet G afugentava alguns clientes devido à referência direta ao mundo gay. Já Container seria, segundo eles, um nome mais misterioso, menos pintoso, perfeito para marcar o clima de renovação da casa, tradicional point do público transex e de seus admiradores na rua Rêgo Freitas, 56.

A mudança do nome ainda não foi totalmente assimilada. A crossdresser Reicla Daks, também blogueira (blogdareicla.blogspot.com), confessa que ainda se confunde. "É difícil chamar de Container. Minhas amigas e eu ainda falamos Planet G. Com o tempo, a gente talvez se acostume", diz Reicla, que mora na Vila Sônia, no sudoeste da capital.

A sexta é a noite mais picante da Container com performance de sexo explícito gay no palco, com a entrada a R$ 5 (até meia-noite, com flyer) e R$ 8. A casa também abre aos sábados com apresentação de gogo boys, drags. Há atrações com figuras provocantes como o Homem Mandioca. A programação está mais enxuta. Houve um tempo em que a Planet G funcionava de quinta a domingo. O dark room continua com a fama de ser um dos mais barulhentos e rotativos da região, algo que lemb

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