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“Drag Race”: drag queens encaram lotação de ônibus, metrô e até moto para trabalhar; confira

Quem vê uma drag queen no palco, num telegrama animado ou na porta de um clube, nem imagina o trabalho que ela tem nos bastidores. Seja para se montar, se manter na carreira ou até mesmo dirigir-se ao espaço de trabalho.

Algumas vão de carro próprio, outras chamam o taxi e há aquelas corajosas que – no melhor estilo drag race, reality de RuPaul – se arriscam nos ônibus, metrôs, trens e até motos.

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Ícone da noite LGBT, Marcia Pantera revela que começou a ir de moto (e montada) para o extinto clube Nostro Mondo há 20 anos. "Era um choque, um espanto, ninguém acreditava que eu ia de moto e até parava para me ver chegar", afirma a artista ao A CAPA, salientando que até hoje as pessoas se surpreendem.

Marcia explica que sempre teve verdadeira paixão por motos e que prefere andar sobre duas rodas que dirigir um carro. Ela já teve uma vespinha e atualmente dirige uma Dafra Citycom 300i. "Além de eu gostar, neste trânsito de São Paulo não dá para arriscar ir de carro e chegar atrasada no trabalho".

Na pista, ela definitivamente CAUSA e diz que já começa a se sentir a festa quando para em algum semáforo. "Os carros dão farol, mexem comigo e recebo muita cantada. Aquilo, para mim, já faz parte da festa".

SEM BAGUNÇAR A PERUCA

Ao comentar como o cabelo e a maquiagem sequer saem do lugar, Marcia diz que vários truques ajudam. "O cabelo já vai enrolado dentro do capacete e ele é maior para caber a peruca e não tocar na maquiagem", revela. Detalhe: o capacete em questão é todo coberto de strass.

Recentemente, a rainha do bate-cabelo divulgou um vídeo que virou meme na internet. Ela aparece andando de moto, estaciona, joga o cabelão e diz: "Me aceita dói menos". "Eu fiz para uma pessoa que disse que eu estou velha, mas acabou que o vídeo tomou repercussão imensa". 

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NA LOTAÇÃO, UMA ORAÇÃO

Novata entre as drags, Charlotte Dfal afirma que andar de ônibus e trem para o trabalho já é um hábito. E que, além de muitas vezes virar sardinha enlatada e de servir de maquiadora para várias mulheres, já carrega boas histórias no currículo.

"Outro dia, um grupo que estava nos últimos bancos do ônibus começou a me chamar de Pedrão e tentar me deixar constrangida. Mas eu virei para eles e disse: 'Veja só, é o Miguel! Você não vem trabalhar, não? Seu vestidinho rosa está lá em casa'. Confesso que fiquei com medo de eles reagirem, mas o vagão inteiro deu risada e eles é que ficaram constrangidos".

Outro momento curioso ocorreu quando um homem a parou juntamente com a amiga durante a viagem e pediu para fazer uma oração. "Ele segurou as nossas mãos e começou a orar, a clamar por Deus. A gente pensou que se tratava de um tentativa de conversão, mas fomos surpreendidas quando aquele homem começou pedir a nossa proteção, que fôssemos iluminadas. Achei bacana da parte dele".
 


Charlotte e Tiffany: animação e descontração no transporte público
 

DRAG É ALEGRIA

Na estrada, não é somente quem não tem carro que se arrisca no transporte público. A drag Tiffany, que possui um automóvel, afirma que algumas vezes já preferiu ir de metrô para trabalhar entre uma festa e outra. "Quando tenho algumas festas seguidas, localizadas próximas e está em horário de pico, é melhor ir de metrô que ficar parada no trânsito", pontua ela, que é experiente no corre-corre. 

Quando não tem carona para os telegramas animados e festas, a drag Ioio Vieira de Carvalho – que tem 13 anos de estrada – também que costuma a andar de ônibus e metrô sem qualquer tipo de problema. Ela vai do bairro Teotônio Vilela, na Zona Leste, onde mora, para qualquer lugar de São Paulo.

"Fiquei apavorada na primeira vez que tive que pegar ônibus montada. Não sabia como seriam as reações ou o que falariam para mim, mas hoje em dia tiro de letra. Se falarem algo, dou na cara", brinca – ou não. "As pessoas olham e querem mais tirar foto. Faço é sucesso", garante ela, que vê o transporte público como solução. 

E O PRECONCEITO? 

Nenhuma das entrevistadas afirmam sofrer preconceito quando estão montadas. Elas acreditam que, por conta de uma drag queen ser associada ao humor, raras são as vezes em que se sentiram discriminadas por serem drags.

"Uma piadinha rola, um olhar mais fechado também, mas nada além disso. Até porque sempre estamos acompanhadas de amigos", conta Charlotte. "O mesmo não acontece quando estamos de menino", pondera ela.

Tiffany também revela que, ao invés de preconceito, acaba se tornando a atração do vagão. "Lembro de uma senhorinha que olhou para mim e perguntou: "Moça, sua roupa está linda! É uma festa de carnaval? (risos). O detalhe é que nem era carnaval e que eu nem sou moça", diverte-se.

Com tantas histórias, dá até vontade de acompanhar o verdadeiro drag race no Brasil, né?

Confira o vídeo de Marcia Pantera:
 

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