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“É um dia de luta e não de comemoração”, diz Irina Bacci sobre o dia da Visibilidade Lésbica

O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, 29 de agosto, foi instituído em 1996 durante o I Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), realizado na cidade do Rio de Janeiro. Porém, é a partir de 2003, durante a quinta edição desta conferência, em São Paulo, que vários grupos de lésbicas ativistas resolvem se articular pelo Brasil afora e organizar atividades com o intuito de fazer acontecer e aparecer  a luta contra o sexismo, machismo e lesbofobia. Foi também no ano de 2003 que aconteceu a primeira Caminhada Lésbica em São Paulo.

Sobre o significado de tal data, conversamos com algumas lideranças do movimento lésbico brasileiro. Irina Bacci, do Coletivo de Feministas Lésbicas (CFL), é enfática ao afirmar que "o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica não é de comemoração, é de luta". Para ela, serve para mostrar que existe a luta lésbica. "As lésbicas estão desde o começo do movimento. Porém, sempre que se fala do movimento homossexual se esquece delas, portanto surgiu essa data para dar visibilidade à nossa luta".

Para Kelly Vasconcellos, da Associação Paranaense de Lésbicas, o dia é "um fato histórico, pois antes você só tinha datas que lembravam dos gays". Na mesma linha de Irina, ela fala sobre a invisibilidade das mulheres no movimento homossexual. "Sempre que se fala da luta homossexual, fala-se dos gays, então há esse dia para nós lésbicas reclamarmos".

Sobre conquistas do movimento lésbico, Kelly destaca as duas mais importantes: a criação do projeto de lei da deputada Cida Diogo, que institucionaliza o dia nacional da visibilidade lésbica, e a  inversão da sigla GLBT, com o L na frente (resolução tomada durante a I Conferência Nacional GLBT). "Além da lesbofobia nós também enfrentamos o machismo". Conclui Kelly.

"O sentido do dia é reivindicar o direito de ser como somos, a forma lésbica de ser", é o que pensa Lurdinha Rodrigues (foto), da Liga Brasileira de Lésbicas (LBL). Ela também comenta o fato de que desde o V SENALE as atividades têm crescido pelo país inteiro. "De lá pra cá as atividades só tem aumentado e para nós é muito gratificante. O movimento lésbico enquanto sujeito está mais organizado e com maior apoio da sociedade. Mas, ainda há muito para caminhar para que conquistemos os nossos direitos". 

Sobre a questão da invisibilidade lésbica, Marinalva Santana do grupo Matizes, do Piauí, acredita que a data serve para acabar com tal fato. "Para nós é bastante significante na medida em que traz esse debate histórico, uma discussão para que se reverta esse quadro dentro da sociedade e também dentro do movimento LGBT", afirma. 

Lurdinha fala também sobre um grande sonho do movimento, no final de nossa conversa. "O nosso desejo é que o dia não seja mais necessário, por que o que nós queremos é a cidadania plena, portanto não ter mais a necessidade de levantar bandeiras a respeito da nossa sexualidade. Queremos que a sociedade reconheça a nossa cidadania. Mas, enquanto isso não acontece, nós vamos pra rua lutar pelos nossos direitos".

Parabéns meninas!

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