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“O governo Lula falhou na luta contra a homofobia”, diz Recife, candidato a deputado

Leandro Recife é candidato a deputado estadual pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade). Atuante nos movimentos sociais, Recife, como é conhecido, tem grande experiência nos bastidores políticos da região do ABC, principalmente ligado à educação, como professor de filosofia. Entre as propostas apresentadas por Leandro, está o ensino a respeito da identidade de gênero e o papel deste na sociedade.

O candidato está há mais de 15 anos está inserido nos movimentos sociais. Foi diretor da União Paulista de Estudantes Secundaristas (UPES) e da União Estadual dos Estudantes (UEE), braços do movimento estudantil da União Nacional de Estudantes (UNE).  Como professor de filosofia foi eleito Conselheiro Estadual da APEOESP (Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo). Fundou e presidiu o Grupo Liberdade LGBT que organiza o Grito LGBT de São Bernardo do Campo. Hoje, é membro do diretório nacional do PSOL.

Quais suas principais propostas para o segmento LGBT?
São várias. A primeira é utilizar o mandato estadual para ajudar à pressionar a aprovação da PLC 122/06. É inadmissível que num Estado, como o brasileiro, não haja uma lei que criminalize a homofobia. Esta é uma das falhas do governo Lula, um presidente que goza da alta popularidade, poderia ter feito algum tipo de esforço para aprovar a lei contra a homofobia. Além disso, é preciso combater a discriminação com programas específicos na área da educação. Por esse motivo, defendo que se tenha matéria no ensino fundamental e ensino médio sobre gênero, identidade de gênero, papel social, etc. Também é preciso fortalecer a luta em defesa da isonomia dos direitos civis para LGBTs. Hoje há pelo menos 37 direitos que não são reconhecidos pelo Estado. Assim como na Argentina, os direitos devem ser estendidos para todos.

Onde você estava e como você recebeu a notícia da aprovação do casamento LGBT na Argentina?
Estava em minha casa e recebi a notícia com muita alegria. Demonstra uma vitória importante para o movimento LGBT, não só da Argentina, mas da América Latina. O motivo de minha alegria veio pela expectativa que eu tinha, uma vez que acompanhei toda a votação durante a madrugada pela internet, junto com meus amigos.

Você falou sobre um Estado laico, mas hoje as bancadas evangélicas fazem pressão contra as leis favoráveis aos LGBT. Qual a sua avaliação?
Caso estivéssemos num Estado justo isso não aconteceria. Um Estado democrático de direito não deixaria se influenciar por visões religiosas e arcaicas. As pessoas podem e devem ter seus credos religiosos, no entanto, os preceitos religiosos não podem interferir na ação e na dinâmica do Estado.

Você acha que gay deve votar em gay?
Quando o candidato assumidamente gay está consciente do seu papel enquanto legislador e defende as propostas LGBT, evidentemente os eleitores devem votar em gays. Digo isso porque, recentemente na história do Brasil, tivemos o triste episódio de eleger o Clodovil que não defendia as ações e as bandeiras do movimento. O ideal é que a comunidade LGBT vote num candidato assumidamente gay, mas que defenda os nossos direitos.

Em São Bernardo você ajudou a construir o Grito do Orgulho LGBT. Você é contra o formato da Parada Gay?
Não. Eu só acho insuficiente. Quando nós decidimos construir esse ato, que aqui chamamos de grito, foi porque entendíamos que as manifestações LGBTs precisariam de um pouco mais do que música. Precisaria de um ato político aonde fosse dito os avanços e as dificuldades que enfrentamos na sociedade.  Por isso, ao longo das apresentações, vamos intercalando com as falas das lideranças do movimento.

Por que você escolheu o PSOL para se candidatar?
Não fui eu que escolhi em ser candidato e sim o partido que me escolheu. É um partido diferente, não está envolvido em corrupção, está inserido nas lutas e é um instrumento de reivindicações da nossa comunidade. Sempre tive total liberdade para apresentar as propostas do movimento LGBT.

O seu candidato à Presidente, o Plínio, defende as mesmas ideias que você? Vocês já conversaram sobre as questões LGBT’s?
Sim, muito. Na verdade, o Plínio é um homem libertário. Já compartilhamos algumas preocupações. Há poucos dias conversamos sobre um caso de travestis assassinadas aqui na região do ABC. Falei sobre esse caso e o número de homicídios no Brasil que, segundo o Grupo Gay da Bahia, o nosso país, infelizmente, é campeão mundial em crimes de cunho homofóbico.

Quais as suas expectativas para essas eleições?
Minha expectativa é pautar os assuntos mais importantes e cruciais que os atuais políticos preferem ignorar. Não é possível continuar assistindo a discriminação que sofrem as lésbicas, gays, bixessuais e transgêneros. Há diversos políticos que simplesmente nos ignoram. Outros nos repudiam.

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