in

O Machismo Mata

O caso “Elisa Samudio” me fez pensar sobre uma das maneiras mais sutis de como eu vejo o machismo se manifestando na sociedade: a inversão da vítima. Sempre é a mulher que tem alguma culpa nos casos em que sofre violência.

No caso da Eliza, que engravidou do goleiro do Flamengo Bruno Fernandes, já ouvi diversas pessoas dizendo que a moça era uma Maria Chuteira e que já fez um filme pornô e pra mim, o que fica implícito nessas afirmações é que o “Bruno tem culpa, mas que ela procurou por isso”. O fato de ela fazer o que quer que seja da própria vida e que não é um crime e nem de longe é prejudicial a outras pessoas faz com que ela deixe de ser humana. Se ela fez filme pornô, é porque existe quem consuma esse tipo de filme e se ela é Maria Chuteira, precisa que o jogador queira um relacionamento qualquer que seja com a moça. Ou ele teria sido estuprado por ela?

A Maria-chuteira, segundo a Wikipédia, “é o estereótipo relacionado às mulheres que são notórias por manterem relacionamentos amorosos com jogadores de futebol”. Se ela era ou não Maria Chuteira, a mim não interessa. O que a mim interessa é que ela era uma mulher e mesmo antes de ser mulher, era uma pessoa que sofreu e denunciou diversos tipos de agressão antes de ser assassinada.

A minha pergunta para quem diz que ela era Maria Chuteira é: por esse motivo ela merecia morrer? O Bruno tinha licença para matá-la porque ela ia atrás de jogadores de futebol? Outro questionamento que eu faço: se quando o Bruno transou com a Eliza não usou camisinha, não seria muita ingenuidade dele achar que ela não poderia engravidar? Ninguém deu aula de reprodução humana pra ele? Acho que a aula à qual ele faltou foi a que explicava que evitar ou conceber filhos é uma responsabilidade que cabe a duas pessoas. Não vou nem entrar no mérito dessa questão com relação ao aborto, mas essa é a mesma defesa que eu faço para que a mulher não seja criminalizada, porque isso não vem ao caso…

O machismo mata e eu penso que o Bruno se acha inimputável, talvez porque nunca antes ele foi penalizado pelas agressões das quais foi acusado, e ele era definitivamente machistaconfesso. Ele mesmo disse no início de março, ao comentar a briga do Adriano com a esposa: “Qual de vocês que é casado que nunca brigou com a mulher? Que não discutiu, que não até saiu na mão com a mulher, né cara? Não tem jeito. Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher, xará”. A Eliza, antes de sumir do mapa relatou que ele a agrediu e tentou forçá-la a um aborto. Além da Eliza, outras mulheres o acusaram de agressão. E nunca aconteceu nada com ele… talvez seja por isso que ele tenha se sentido totalmente à vontade ao dizer que ainda iria rir desse caso no futuro.

O caso ainda tem muitas incongruências e por isso, deve estar longe ainda de ser solucionado, mas é fato que todos os indícios apontam para o goleiro Bruno, que tem demonstrado frieza o tempo todo. Espero muito que esse caso não fique por isso mesmo, mas peço a Deus que acolha essa moça que sofreu uma morte horrível e tabém penso muito no dano que esse monstro e seus comparsas causaram à criança de 4 meses, que ainda estava amamentando e que algum dia na vida poderá ficar sabendo que o pai é acusado (e certamente saberá) de ter matado ou mandado matar a mãe de uma maneira tão cruel.

Quanto mais penso, leio e ouço sobre esse caso, mais me parece um enredo de filme ou livro de terror. Acho que nem Stephen King ou Ágata Christie teriam tanta criatividade pra uma história tão sórdida e macabra…


*Este post é uma opinião absolutamente pessoal sobre o caso.

Namorado de Calvin Klein é ex-ator pornô gay

Miss Universo Ximena Navarrete é a favor do casamento gay