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“Pensam que DJ bonito vende ingresso”: confira entrevista e fotos com o DJ gato Micky Friedmann

Ex-bailarino e um dos mais badalados DJs do circuito de festas gays da Europa e Estados Unidos, Micky Friedmann, um israelense de Jerusalém, encontrou em Berlim o local ideal para iniciar sua carreira na cabine. Após intensos treinos na companhia de ballet, ao chegar em casa, aprendia como utililzar os equipamentos, a mixar as músicas e, assim, com muita dedicação e disciplina, iniciou o caminho para uma trajetória de sucesso.

Estreou na cena berlinense num dos mais conhecidos bares da cidade, o Tom s Bar. Desde então, não parou .  Após uma apresentação pra lá de importante em Nova York, a carreira decolou. "Em Nova York, te dão chances", diz. "Eu ultrapassei todas as expectativas de todo mundo", orgulha-se.

Após um ano, chegou às pistas brasileiras. Para ele, uma das mecas da dança no mundo e um lugar onde um DJ precisa saber o que fazer. "Quando um DJ toca no Brasil, ele precisa saber que não terá um trabalho fácil". Mantendo uma rotina de muito trabalho e academia durante a semana, aproveita os raros momentos livres nos fins de semana para ir a clubes e ver outros DJs em ação. "É muito importante".

A difícil e perigosa relação entre talento e beleza e como conciliá-las também é um tema importante em sua carreira. Aclamado nas pistas mundo afora tanto pelo trabalho quanto pela beleza física, critica a inveja presente na indústria e ressalta também o fato de haver muita vaidade no meio. "Muitos produtores acham que um rosto bonito vende ingresso, mas se a música não for boa, não será convidado outra vez".

Por que você se mudou para Berlim?
Eu deixei Israel depois de servir o exército. Naquele momento, eu era bailarino. Tinha 19 anos e estava procurando por um emprego na Europa. Peguei minha mala e fui para audições em diversas cidades. Meu primeiro contrato foi em Basileia, na Suíça. Depois, em Hannover, Amsterdam e por último, em Berlim. Não estava pensando em ser DJ. Costumava sair nos fins de semana e a música eletrônica sempre foi um interesse. Sempre gostei. Mas nunca pensei.

Como foi mudar de lado. Sair do universo clássico e ir para o mundo da música eletrônica. De dançar para fazer os outros dançarem?
Quando eu mudei para Berlim, em 98, eu já era um solista experiente. Fiz diversas outras coisas para ocupar meu tempo. Num certo momento, pensei, por que não comprar alguns equipamentos e aprender em casa? Então, o fiz. Chegando todos os dias em casa do trabalho e tocando um pouco.

Quando foi sua primeira apresentação?
Tudo aconteceu em Berlim. Quando você dança, chega um ponto que você tem de parar. Eu, aliás, parei no auge da minha carreira. Tinha 33 anos. Claro, para um bailarino, é uma coisa difícil pensar em ter de parar algo que você vem fazendo sua vida inteira. Pensei em ser instrutor de saúde, num monte de coisas. Mas aí, um amigo me disse, você faz isso bem, porque você não começa a tocar. O Tom’s Bar, em Berlim, foi o primeiro lugar gay que eu  trabalhei.  Era uma vez por mês e durou um ano.

E como foi tocar em Nova York?
Na Alemanha e em muitos outros lugares, se você faz sucesso ou se você é atraente e faz sucesso, algumas pessoas tentarão te parar, porque elas são invejosas. Em Nova York eles te dão chance. Foi, provavelmente, uma das mais importantes noites da minha vida. Pensaram que eu ia ser somente um garoto bonito tocando música, mas foi incrível. Ultrapassei as expectativas de qualquer um. Eu sei que foi a vontade de Deus, havia muita gente importante da indústria da música naquela noite. Lá eu conheci meu agente e ele me ajuda a ir a qualquer lugar.

Voce tem um lugar preferido de tocar?
Sim, agora é Roma. É louco. Toda vez que eu toco lá, as pessoas me abraçam com sua energia.

Você costuma tocar em cruzeiros?
Não, no Brasil foi minha primeira experiência. Foi divertido. Não sou muito fã de barcos, eu gosto das minhas pernas em terra firme, mas foi ótimo.

A cena brasileira está maior e melhor. Essa é a razão para os DJs virem ao país agora?
Claro que tem algo a ver com a mentalidade do povo. Praia, sol, samba, todas estas coisas. Onde mais se pode encontrar uma coisa como o carnaval. A maneira como vocês celebram é muito intensa. E vocês demandam música de qualidade. Sabem o que querem. Quando um DJ toca no Brasil, ele precisa saber que não terá um trabalho fácil. Eles realmente precisam trabalhar para fazer o povo feliz. No Brasil as pessoas sabem como celebrar. Você precisa estar muito seguro sobre o que fazer.

Quando foi sua primeira apresentação no Brasil?
Foi em 2008, em São Paulo, na The Week. Tocar lá foi uma experiência fantástica como DJ.

Você continua saindo?
Sim, claro. Se eu tenho uma noite livre, 99% de chances que eu saia, só para ver outros DJ e me inspirar. É muito importante.
Você já fez alguns trabalhos como modelo. Como isso ajuda na sua carreira de DJ?
Quando eu dançava, eu fazia parte de algumas agências de modelo, fazia de vez em quando para ganhar um extra. Mas eu nunca me considerei um modelo profissional. Se ajuda. Sim e não. Muitas pessoas são invejosas, especialmente nessa área. Você tem de provar seu valor duas vezes. Mas, de qualquer forma, é uma indústria muito vaidosa. Muitos promotores pensam que um DJ bonito vende ingressos. Você pode tocar uma vez com sua cara bonita, mas se a música não for boa, não será convidado outra vez.

Qual sua meta agora?
Continuar fazendo o sucesso que estou fazendo. Estou muito satisfeito. Continuar produzindo. Ter fogo para continuar todo o amor que eu tenho pela música.

No álbum você confere mais cliques do Micky num ensaio especial do fotógrafo Magnus Chammon.

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