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Projeções do VJ Greg animam a noite gay carioca

Ele escreveu seu nome na noite carioca. Ousado, performático e muito divertido. O paulista de Mogi Mirim, ex-vocalista de uma banda de rock, começou a carreira por acaso. Recebeu convite de um amigo, dono de um extinto bar de nome Blue Angel, para tocar no Réveillon 96/97. Nervoso, "com as pernas tremendo", tocou até às sete e meia da manhã do primeiro dia daquele ano. Agradou e ficou como residente. Greg já trabalhava com produção de videoclipes e não demorou muito para começar a usar o telão que havia no Blue Angel para dar uma nova cor ao seu – até então – trabalho de DJ.

Uma nova porta se abriu no então super badalado The Copa, um pub no bairro de Copacabana que teve seu auge nos primeiros anos desta década. "O dono do The Copa frequentava o Blue Angel e pediu para eu arrumar um cabo de uma televisão, já que eu entendia da parte técnica. Quando estive lá, perguntei se não queria que eu tocasse. Ele disse que não buscava nada parecido com o Blue Angel. Eu o convenci de que não seria e ele topou testar o meu trabalho por um mês. Daí a casa começou a encher e o sucesso aconteceu".

No The Copa, Greg sentiu-se motivado a trabalhar com mais e mais videoclipes até torná-los definitivos em sua mesa de som. O DJ virou VJ.  E o roqueiro virou pop. Em sintonia com o público que o prestigiava, Greg preparou o seu caldeirão musical. Os ingredientes vão desde hits dos anos 70 como ABBA e Carpenters, os 80 de Cindy Lauper, os 90 de Gloria Estefan, o início dos anos 2000 de boy bands como N’Sync e o pop atual de Britney, Rihanna e Beyoncé. E para temperar também é permitido Amy Winehouse, Robbie Williams, Mika, Paula Lima, John Travolta no auge dos tempos da brilhantina e Elisângela; na maioria das vezes nas versões originais, sem remixes.

Para quem não está associando nome à pessoa, Elisângela é a atriz que interpretou a cafetina Cilene, madrasta de Halley, personagem de Cauã Reymond na novela A Favorita. A atriz se arriscou como cantora nos anos 70 e o meigo clipe "Pertinho de você" foi produzido em 1978. A cantora-atriz aparece num parque de diversões com ar doce e romântico se divertindo na montanha russa, teleférico e roda-gigante, dentre outros brinquedos. Tudo muito fofo.

Clipes engraçados são fundamentais para a receita dar certo. Um outro grande sucesso é o de Ronaldo Resedá, cantor e bailarino numa alegríssima e impagável atuação na canção tema de abertura da novela Marrom Glacê, de 1979. Ronaldo dá um show de dança com vários rodopios e piruetas; além de uma interpretação peculiar da letra para lá de festiva. Tanto o clipe de Elisângela quanto o de Ronaldo foram produção do Fantástico e já estão disponíveis no Youtube (valem a pena para diversão).

Garimpar raridades é uma característica do trabalho do VJ e são os ingredientes surpresa de cada noite: "O vídeo da Elisângela quem conseguiu para mim foi um primo meu que costumava gravar vídeos desde que vídeo cassete ainda era coisa para poucos. Pura sorte. Costumo garimpar em sites, lojas no Brasil e fora, além de amigos que me ajudam mandando clipes e dando dicas". Quem vai às festas animadas pelo VJ se diverte com o visual dos clipes dos anos 70 e 80 e percebe como a moda de ontem torna-se o brega de hoje.

Greg conquistou público fiel que o acompanha nas casas onde toca. É presença fixa no Galeria Café, em Ipanema, às quintas-feiras e no Boy Bar, em Copacabana, aos sábados. Agrada em cheio às pessoas com mais 30 anos que revivem o som da adolescência e aos mais jovens que curtem as músicas dos anos 70 e 80, mas também querem dançar o que se faz hoje na indústria do pop. "A minha festa é uma brincadeira, como se eu estivesse em casa curtindo os amigos, dançando e assistindo aos vídeos hilários. Um entretenimento". Não por acaso, Galeria e Boy Bar são espaços para no máximo 200 pessoas, o que facilita a interação entre vídeo, VJ e público.

 Explorar ao máximo essa mistura de sensações de áudio e vídeo já o diferencia. Mas Greg é mais. Sempre acompanhado de uma bengala com a ponta iluminada e uma pequena lanterna, Greg se solta e faz performances acompanhando ou criando coreografias para os vídeos que toca. "Minhas performances vem do tempo de vocalista de banda de rock. No The Copa, eu comecei a fazer, mas eu ficava escondido, poucas pessoas me viam. No Boy Bar, eu já pedi para ficar no palco e as pessoas gostaram. No Galeria, para fazer alguma coisa diferente, comecei a usar a bengala. Criei um personagem. As pessoas me falam que não vêm só pela música, mas por mim também".

Greg não só criou um personagem, fez escola. Já são várias as casas do Rio que apostam em VJs: "Eles começaram vendo meu trabalho. Acho muito legal isso. Tem muita gente boa tocando por aí. É uma tendência a música sempre com o vídeo. Eu não tenho mais como voltar a tocar CD, não acho a menor graça. Eu só toco videoclipe".

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