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São Paulo terá Centro de Estudos e Memória de cultura gay

No dia 17/12 publicamos uma entrevista com Franco Reinaudo, coordenador da CADS (Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual da Prefeitura de São Paulo) onde ele falou sobre dois projetos importantes para o ano de 2010: O Mapa da Homofobia e a Parada Gay de São Paulo.

Aquela foi a primeira parte da entrevista, a respeito do que irá acontecer em 2010. Nesta segunda parte da entrevista você confere o que aconteceu em 2009 em termos de políticas gays.

À reportagem do site A Capa Fanco Reinaudo disse que sua equipe merece nota "nove com louvor". Além da autoavaliação, a conversa girou em torno do novo projeto da CADS, que trata de conseguir moradia popular para travestis e transexuais que vivem em forte vulnerabilidade.

Confira a seguir a segunda parte dessa entrevista exclusiva com Franco Reinaudo, coordenador da CADS.

O quê você gostaria de ter feito e não conseguiu no seu primeiro ano de mandato?
Vivemos um ano difícil de crise financeira. O que a gente gostaria de ter feito e não conseguiu era começar o centro de estudos e memória LGBT, nós até conseguimos o imóvel… É um projeto bacana que a gente vai fazer no ano que vem se Deus quiser.

Já existe um plano para a CADS em 2010?
Nós já estamos construindo o nosso planejamento. O que a gente fez, até por não ter tanto recurso, foi reestruturar a CADS e o Centro de Referência de Combate a Homofobia. No Centro a gente conseguiu trazer mais duas assistentes sociais, chegou advogado, conseguimos um administrador, estamos com seis estagiários… Então, a média de trinta atendimentos que a gente tinha no Centro, em novembro batemos o recorde de 85 atendimentos. Isso para nós é o fundamental, pois sabemos que é lá que a gente atende a população que é vitima de discriminação. Também conseguimos um programa de profissionalização, é um projeto que temos juntos com a Secretaria de Trabalho que dá bolsas em troca de elevação de escolaridade. Reestruturamos todo o programa e no ano que vem, passaremos das dezesseis bolsas para trinta.

O publico alvo ainda será o mesmo? (Travestis e transexuais em situação de vulnerabilidade)
O projeto é para quem está em alta vulnerabilidade. Hoje atendemos travestis e transexuais. Mas, o programa é para toda a população LGBT e com esse aumento de bolsas a gente vai conseguir atender um pouco mais. Outra coisa bacana é que conseguimos criar o primeiro programa de habitação social.

Como é esse programa?
Começamos um projeto piloto agora no final do ano. São seis travestis e transexuais que entraram no programa. Eram pessoas que estavam em albergue ou em moradia provisória. Com esse programa elas vão receber uma ajuda de R$ 300 para escolher uma moradia. Essas pessoas têm dificuldade para alugar, em geral os locatários cobram cinco, seis vezes mais e tem gente que não aceita alugar para elas, então isso é fundamental para gente recuperar a inclusão das travestis e das transexuais.

Qual ação da CADS que você destacaria do ano de 2009?
A ação desse programa de aluguel social. Isso é uma coisa quase que inédita aqui na cidade. Tivemos um projeto muito bacana também que foi a ONG Brasil, um evento gigante no Center Norte (Expo Center Norte). Conseguimos incluir espaço para as ONGs LGBT. Esteve lá a Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOGLBT), o Instituto Ser Humano… Criamos um espaço para as ONGs estarem presentes num evento que é de organizações de todo o Brasil e foi muito legal de ver a diversidade sexual lá.

A reestruturação do Centro foi muito importante. A gente perdeu o apoio do Governo Federal  e pensamos que o Centro não fosse conseguir sobreviver. O convênio que vinha de Brasília era o que mantinha os profissionais. Foi uma decisão política e importante a de manter o Centro. No começo foi difícil, mas conseguimos manter.

Logo que você assumiu, declarou que gostaria de unir a militância e a iniciativa privada. Conseguiu?
Ainda não. Isso ainda é uma conversa a ser feita. O que aconteceu de certa forma foi tentar de alguma maneira valorizar esses canais de comunicação. Fui a todas as reuniões do conselho (Conselho Municipal LGBT), exceto uma, que eu não consegui ir. Temos tentado sempre estarmos presentes nessas atividades de militância. Estabelecemos uma relação de troca bem legal com a Associação da Parada, estamos trabalhando juntos na organização da Parada. A partir de janeiro iremos começar a fazer reuniões. Isso foi importante.

Com a iniciativa privada a gente conseguiu criar algumas iniciativas importantes, por exemplo, a ação "Abra Seu Coração". Foi importante a gente recuperar, porque é aonde a gente têm empresários fazendo uma ação que é beneficente, que foi há seis anos e era muito importante. Ter criado o núcleo de desenvolvimento econômico pra pensar ações de turismo. Criar canal com os estabelecimentos que sofrem denúncias, para isso iniciamos um canal de comunicação com a subprefeitura para que os estabelecimentos pudessem se regularizar.

Qual a sua avaliação a respeito do Conselho Municipal LGBT em 2009?
Com o conselho foi bem bacana. Como te disse, fui a todas as reuniões e teve a questão de viagens. Apesar de estarmos em um ano difícil, conseguimos fazer com que as representações do conselho viajassem- e nós da CADS não viajamos (risos) – só quando era pago. Pra mim a relação foi super positiva. A única coisa que eu acho que acontece com o conselho é a dificuldade de reunir um numero grande de pessoas nas sessões. Mas aí tem a questão das pessoas terem dificuldades com o tempo. Para mim o conselho é fundamental.

Nós estamos fazendo um projeto para a partir de janeiro fazermos grandes reuniões para pensarmos a cidade e a diversidade sexual até 2020. A partir do que foi tirado na conferência municipal LGBT, a gente vai fazer um plano de enfrentamento a homofobia e uma construção de como a gente quer ver a cidade daqui a dez anos e isso é um projeto pensado junto com o conselho.

A lei municipal anti-homofobia que o prefeito Kassab vetou e tinha prometido trazê-la de novo a pauta esse ano, não aconteceu. Qual a tua opinião a respeito?
Nós fizemos algumas conversas, inclusive com o vereador Ítalo Cardoso (PT-SP)  e com o gabinete dele. A equipe do parlamentar ficou de propor uma sessão na Comissão de Justiça e isso não aconteceu. Nós tentamos falar com eles para ver o que tinha acontecido. Não sei se por causa do fim do ano e pela questão de votar o orçamento. A intervenção que nós podíamos fazer nós fizemos. Agora o PL tem quer voltar pra Comissão de Justiça e fazer uma sessão pública e começar a discutir de novo. Mas, a notícia bacana é que no ano que vem isso será discutido. Nós enquanto CADS podemos fazer essa articulação.

De zero a dez, qual nota que você dá para o seu primeiro ano de gestão?
Se a gente for analisar o que tinha quando eu assumi e o que nós conseguimos… Eu falo não apenas em meu nome, mas em nome da equipe: ela merece um nove com louvor.

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