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Se levar meu filho à parada ele vai virar gay?

Levou o filho pequeno à parada gay duas vezes. Na primeira, ele tinha apenas três anos. Na segunda, quatro. Levou um susto quando ele falou:

– Quando crescer eu quero ser gay!

A primeira coisa que passou pela sua cabeça foi “onde foi que eu errei”, mas a resposta veio logo em seguida: “Ah, sim, claro. Errei em querer um mundo sem preconceitos para meu filho viver melhor; não devia ter trazido ele para a parada; transformei meu filho em viado”.

Desde então virou homofóbica. “O filho dos outros, tudo bem ser gay, mas o meu não”. E se transformou naquelas mães corujas, superprotetoras. Quando levou a criança à escola, ficou no dilema. Se deixar ele com as meninas, vira maricas de vez. Se deixá-lo com os meninos, acaba se atraindo por um deles, ou dois… Pai do céu!

Prendeu bastante o menino dentro de casa. Este, coitado, só conseguiu conquistar um pouco mais de liberdade quando entrou na puberdade. E mesmo assim, quando ele ia ao colégio, ou saia com os amigos, a mãe já neurótica olhava em baixo da cama e fuçava dentro do armário. Tinha que saber onde ele guardava as revistas pornográficas e averiguava para ver se não havia nenhuma de homem pelado. Felizmente, para ela, nunca encontrou nenhuma.

Evidente, também, que acompanhava os históricos de internet do computador, além de bloquear o uso de bate-papo. Blog então, nem pensar, “um monte de bicha tem blog”.

Quando chegou a fase do alistamento militar, também deu um jeito para não deixar o filho entrar no exército. Poderia se excitar com tudo aquilo de homens fardados e acabou subornando um coronel. O filho, nem o juramento à bandeira fez.

Depois, na hora de escolher a profissão, novo entrevero. Nada de artes e cultura. Influenciou o filho a fazer engenharia. Educação Física não, tem muito sarado.

Só sossegou mesmo quando viu o filho no altar, casado com uma bela mulher vestida de branco. O filho sempre fora heterossexual, não tinha preconceito nenhum com gays, mas nunca levou sua filha a uma parada. Na real, quando tinha quatro anos e disse aquilo, achou que gay era profissão.

Mesmo assim, a mãe, que agora era avó, se assustou quando descobriu que sua neta andava pegando umas garotinhas na escola. Ela era lésbica.

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