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Tatuagens, piercings e outras intervenções no corpo conquistam os gays

Malhados, bronzeados, depilados, tatuados. Hoje, cada um pode ter o corpo que deseja, seja para seguir um padrão como para ser diferente. Inventada há mais de cinco mil anos, a tatuagem ganhou o mundo nos braços dos marinheiros do século 18. Aos poucos, foi encontrando abrigo na pele de gente de todas as tribos urbanas, dos hippies aos roqueiros – e certamente ajudou muitos gays a encontrar sua própria identidade.

Mas a "tattoo" é apenas uma entre várias intervenções que podem ser feitas no corpo humano – piercing, scarring, branding e mesmo implantes, suspensões e amputações. Conhecidas como body art e/ou body modification, cada prática encontra seus adeptos. Para uns, é uma manifestação artística. Para outros, é prova de sua liberdade individual. Sem esquecer quem abomina tudo isso – mas sem preconceitos, por favor!

Pedro Silvestre, 27 anos, designer, ostenta atualmente 21 tattoos, dois piercings e um alargador. "Pela estética, fiz minha primeira tatuagem e perfuração, isso aos 18 anos. Hoje aprecio a body art, procuro ver as técnicas dos profissionais, detalhes dos desenhos, pigmentação", explica ele, que considera que qualquer intervenção voluntária no corpo é uma forma de contestar os padrões. 

Mas Pedro lembra que a vontade de se destacar não combina com exageros. "Para tudo existe um limite. Tenho 30% do corpo de rabiscos artísticos e pretendo fazer mais. Mas tem coisa que não passa de auto-mutilação", alerta. O jovem designer ainda afirma sentir prazer ao ser tatuado. "Depois das primeiras agulhadas, a dor passa e eu começo a sentir tesão", completa.  "Tempos atrás eu queria saber da sensação de dor da suspensão, mas hoje não faria mais, acho muito agressivo ao corpo." 

Imagem é tudo
Pioneira na arte do body piercing em São Paulo, a militante Claudia Zuba abriu seu primeiro estúdio em casa, mesmo, ainda em 1990, depois de voltar de uma viagem a Londres. "Depois, em 1994, fui convidada a fazer parte do Mercado Mundo Mix com meus piercings, foi aí que a coisa virou moda", brinca a DJ e ex-candidata à deputada pelos direitos GLBT. 

Ela acha que o medo de parecer rebelde ao realizar uma intervenção acabou superado pela importância da imagem pessoal. "Assim como existe a cirurgia plástica, temos os piercing, as tatuagens e as outras artes corporais para nos sentirmos diferentes e bonitos. É importante para nossa vaidade", acredita Zuba.

Mesmo em nome da aparência, bifurcar a língua ainda não passa pela cabeça dela. "Acho muito radical, mas tenho um pequeno aço implantado sob minha pele. Tatuagens são várias, incontáveis, além de 15 piercings pelo corpo. Isso tudo para mim é viciante, amo. Então, com certeza, devo fazer mais", revela a body piercer. 

Justamente por ter caído no gosto dos modernos, ela também acha que os interessados pela body art já não se dividem entre "louquinhos" e "caretas". Além disso, ela reforça que os adeptos da body modification merecem respeito, sejam gays ou não.

Conheça algumas técnicas de body art e body modification, das mais comuns as mais radicais:
Piercing: do inglês "pierce", furar. Usa a perfuração para enfeitar partes do corpo (da orelha ao umbigo) com jóias e adereços. Costuma ser pouco invasiva – exceto em lugares como língua e genitais –, mas pode ser irreversível caso a pessoa resolva usar alargadores

Tatuagem: é a pintura de símbolos e desenhos na própria pele. Embora existam técnicas para fazer tatuagens temporárias, a marca deixada pela verdadeira "tattoo" é permanente, no entanto, a medicina consegue remover algumas cores usando laser

Scarring: do inglês "scar", que quer dizer cicatriz. Representa a decisão de fazer cortes voluntários no corpo para ostentar cicatrizes

Branding: do inglês "brand", quer dizer marcar a ferro em brasas. É mais ou menos como marcar gado. Os adeptos da intervenção fazem queimaduras cujas cicatrizes poderão formar desenhos ou palavras

Implantes: para dar o relevo desejado à pele, os interessados fazem implantes cirúrgicos com peças de diversos formatos e materiais (aço, silicone, osso etc)

Suspensão: o adepto fura a própria pele com ganchos em diversos pontos do corpo e depois fica pendurado por correntes. Sensação indescritível, mesmo para quem nunca fez.

*Texto extraído da edição 03 da Revista A Capa

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